segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Idéias Conceituais X Projetos Prontos


Projetos "conceituais" ou idéias gerais mostradas na mídia sempre existiram e sempre existirão.

O grande Frank Lloyd Wright por exemplo, publicou desenhos e perspectivas de Praire Houses em artigos chamados "A Home in a Prairie Town" e "A Small House With Lots of Rooms" na publicação "Ladies' Home Journal", em 1901, ou seja, uma revista chamada "Casa da Mulher".... No caso ele apresentava uma ideia conceitual e brilhante para uma determinada região dos EUA e ou locais onde os conceitos se aplicavam.

Sempre existiram as chamadas "Casa Claudia", etc... Eu não vejo problemas em mostrar ideias, mesmo as mais simples, desde que se entenda as suas adequações e limitações.

Mas o que as pessoas deveriam entender é que, um projeto não é como uma casa de boneca que pode simplesmente ser copiada e colocada em qualquer lugar.

Deixo claro aqui que apresento o exemplo de Frank Lloyd Wright como altamente positivo, e que sou admirador do mesmo, assim o como o considero o mais completo arquiteto do século XX, e talvez o melhor de todos os tempos.

Minha crítica aqui se dá no sentido dá ideia errada que algumas pessoas tem quanto à imitar projetos ou achar que devem copiar projetos expostos em revistas ou websites.

Cabe aos Arquitetos e Engenheiros explicar com palavras claras que as pessoas entendam, que um projeto vai mais além, depende das condicionantes locais, topografia do terreno, clima e inúmeros fatores, e portanto não existe na prática isto de "enfiar" um projeto pronto no terreno. Em prática, é impossivel implantar por exemplo um mesmo grande projeto (edificio de apartamentos por exemplo) em cidades, terrenos e locais diferentes.
Com relação a casas de morada, quem não sabe disto ou não quer entender isto e copia um projeto pronto pode ficar com uma casa desconfortável, ruim ou inadequada.

E existem casos (felizmente poucos) de maus exemplos de arquitetura serem endeusados. Olha-se somente a forma, e muitas vezes uma frigideira de concreto cercada por areas cimentadas vira simbolo de "arquitetura moderna e bacana". Cria-se na cabeça de muitas pessoas que arquitetura é apenas forma. Se a casa "bacana" vira uma panela de pressão ou um forno então compra-se um ar condicionado... enfia ventilador de teto nos comodos... e por aí vai...
Enfim, tem que explicar... idéias e bons conceitos podem servir de inspiração, mas a boa prática recomenda um projeto adequado para cada local e situação.

Escrevi o texto acima numa comunidade do orkut, e decidí colocar aqui também com alguns pequenos acréscimos.

quinta-feira, janeiro 28, 2010

A Simplicidade dos Verdadeiramente Grandes

Livro: Maquetes de Papel
Em Fevereiro de 2006, Paulo Mendes da Rocha dá uma aula de maquetes de papel na Casa Vilanova Artigas em Curitiba



Sobre o Préfacio do Livro

Ao ser convidado para fazer uma exposição de seus trabalhos na Casa Vilanova Artigas, em Curitiba, Paulo Mendes da Rocha responde e conversa com Giceli Portela, que também é autora do prefácio do livro. Abaixo eis a transcrição de pequenos trechos:

"Exposição? Não sei se gosto da idéia, com o que voces trabalham aqui?"

"Bem, fazemos exposições, cursos e muitas outras coisas. Agora por exemplo, estamos dando um curso de maquetes para estudantes".

"Ah, então podemos fazer um curso?"

"Seria ótimo, mas que curso?"

"De maquetes, é claro! Eles não gostam disso?"

"E você faz sua próprias maquetes?!"

"Claro que sim!"

E saimos andando pelo escritório, ele me mostrando maquetes em madeira balsa, a gaveta com as amostras de materiais, muitas representações em escala de suas obras.

"Voce iria a Curitiba ministrar um curso de maquetes?"

"Bem, é so agendar..."

......


E Paulo chego mesmo, pontualmente, às nove horas do sábado marcado.

....

Na semana seguinte, leio nos jornais que Paulo Mendes da Rocha havia sido agraciado com Prêmio Pritzker. Pego imediatamente o telefone para cumprimenta-lo.

"Nem sei como tive coragem de te convidar para vir aqui lidar com madeirinhas e papéis!"

Ele respondeu com a simplicidade dos verdadeiramente grandes:

"Eu já sabia do prêmio.... mas já estava comprometido, né? Viu como este maquetista não é pouca coisa?

O Prêmio Pritzker é considerado a láurea máxima da arquitetura mundial. Paulo Mendes da Rocha recebeu o prêmio pelo projeto do Estádio Serra Dourada.

Plano Direto do Campus da Universidade de Vigo
De Paulo Mendes da Rocha


quinta-feira, janeiro 21, 2010

Engenharia + Arquitetura - Dupla Formação

Dupla Formação Acadêmica em Arquitetura e Engenharia - FAU/POLI | USP

Lí sobre este programa de intercambio cultural entre Engenharia e Arquitetura, e que também propicia aos alunos de ambos os cursos terem duas graduações, desde que cursem mais 2 anos, tempo este onde farão o complemento das materiais adicionais para que obtenham a segunda graduação.

Sobre o Programa Dupla Formação

"O Programa de dupla formação FAU-EPUSP consiste em alunos da FAU, além de todas as disciplinas do curso da FAU, cursarem a EPUSP durante dois anos, nela realizando as atividades estabelecidas neste Programa, e em alunos do curso de Engenharia Civil da EPUSP, além de todas as disciplinas do curso de Engenharia Civil da EPUSP, cursarem a FAU durante dois anos, nela realizando as atividades estabelecidas neste Programa; ao final do Programa, desde que conclua o curso em sua instituição de origem, o aluno receberá o diploma de sua unidade de origem, que será apostilado com uma habilitação da unidade de destino."
Fonte: http://www.fau.usp.br/cursos/graduacao/cursos_e_programas/faupoli/index.html

Justificativa do Programa

De acordo com a justificativa exposta no link abaixo, Arquitetura, Urbanismo e Engenharia são atividades interelacionadas.

Veja abaixo um extrato de texto do também link indicado abaixo:

"Arquitetura e Urbanismo não é nem uma disciplina 5 dependente, dando forma às idéias criadas fora de suas fronteiras intelectuais, nem é autônoma gerando formas de acordo com suas próprias e herméticas regras. Ela se integra no todo das questões quando pressupõe intervir no espaço físico a partir de demandas individuais ou coletivas. Tem que considerar o ambiente natural e construído, as técnicas e as tecnologias e as relações humanas. 6

Também para a Engenharia Civil pode se ter uma visão semelhante a essa quanto à atuação de seu profissional. Por outro lado, pensando-se no projeto da Escola Politécnica “Poli 2015”, a tal visão têm que ser somadas as diretrizes estabelecidas no projeto de melhoria do curso. Assim, o Programa é claramente multidisciplinar e integrador, que além disso valoriza a formação humanística, que tanto falta aos alunos da EPUSP.

Assim, no Programa, duas ordens de preocupações foram estabelecidas para a definição das disciplinas a serem cursadas. As questões tecnológicas, dos materiais, dos processos construtivos e dos meios de trabalho, particularmente da informática, além das questões de logística, gestão de projetos, de empreendimentos e de canteiros de obra, que são mais detidamente trabalhadas pelo curso de Engenharia Civil, que os arquitetos e urbanistas têm que melhor conhecer 7 , deverão ampliar os conhecimentos desses futuros profissionais ao serem supridas pela EPUSP. Por outro lado, a visão mais abrangente da Arquitetura e Urbanismo, que incorpora as questões da estética e das humanidades, com uma intenção de intervenção considerando as especificidades setoriais, imprimindo um caráter abrangente, passarão a estar presentes na formação do engenheiro civil.

O Programa de integração visa superar uma clivagem histórica, que separa as duas profissões, e resgatar um período não muito distante da Universidade de São Paulo, quando nela engenheiros-arquitetos eram formados.

Assim, foi no período da revolução industrial que os arquitetos se recusaram, inicialmente, a projetar utilizando-se das novas tecnologias do ferro e do aço, deixaram aos engenheiros essa tarefa. O Palácio de Cristal, por Joseph Paxton, em 1851, é apenas um dos exemplos paradigmáticos desse período, no qual os engenheiros avançavam no domínio das inovações tecnológicas, enquanto os arquitetos dedicavam-se a compor as fachadas e a reproduzir modelos, ainda em estilo neoclássico, através de grandes obras privadas ou estatais.

É interessante lembrar a discussão dos arquitetos naquele período. Assim, quanto aos aspectos tecnológicos da produção em arquitetura e urbanismo, Sullivan defendia que os novos materiais e técnicas eram recursos para a renovação da arquitetura. Ao comentar o artigo de Dankmar Adler, sócio de Sullivan, em 1895, intitulado, “The Influence of Steel Construction and Plate Glass", sobre o desenvolvimento do Modern Style , Frank Lloyd Wright apontou que Adler estava adiante do seu tempo. Adler dizia que o arquiteto do período moderno tinha sob seu comando instrumentos e oportunidades desconhecidas pelos seus antecessores e citou Michelangelo, mostrando que um artista em arquitetura depende das demais artes a ela auxiliares ou subsidiárias, das ciências e dos artesanatos. Para Adler, materiais e processos modernos não eram negações, mas recursos à sua disposição para ampliar suas possibilidades de trabalho. Na arquitetura os impedimentos não são de ordem técnica mas, conceituais, onde o que falta é a habilidade e talento para fazer uso destas novas descobertas. Para Wright, Sullivan e Adler, um arquiteto era um artista no tradicional sentido de dar forma, o qual realizaria projetos criativos através da incorporação das novas possibilidades da era da máquina. Estes arquitetos deslocaram o foco de discussão para longe do movimento de arts and crafts relativo ao artesão em direção ao artista arquiteto como mestre das novas técnicas, capaz de orquestrar sua síntese numa arte construída total"
Fonte:
http://www.fau.usp.br/cursos/graduacao/cursos_e_programas/faupoli/apresentacao/index.html